Inglourious Basterds - Original Soundratck (2009)

Tô dizendo que tudo gira em volta do anel... o cara posta a trilha medieval-fantástica da orgia de Tolkien e depois vem dizer que eu implico. "Oooh! Trilha sonora com orquestra!" Que novidade, hein? Quase tão previsível quanto a vitória do mocinho, o casamento da menina que odeia um cara e casa com ele mesmo ou a volta de Jason no próximo Sexta-Feira 13. Inclusive, essas trilhas tornam o próprio filme previsível. Cena de expectativa, suspense? Coloca aquela trilha que começa baixinha e vai subindo de acordo com a tensão. É tiro e queda, vá por mim. Isso vem funcionando há quase 50 anos. Hitchcock foi genial no seu Psicose. Spielberg fez o mesmo com Tubarão, copiando o primeiro. E daí, foi uma sucessão de repetições.

Mas eis que apareceu Tarantino. Esse não tem nada de original. Toda a sua obra foi feita à base de uma mistura heterogênea de influências que permearam toda a sua vida, de filmes de kung-fu e westerns dos anos 70 a Scorceses puro malte. Mas ele tem uma diferença: a dignidade de assumir isso. Mas ele tem seus méritos. Ele injetou cultura pop em filmes que prezam pela sem-vergonhice, pela violência gratuita e pelos diálogos épicos ("What motorcycle is this?" "It's a chopper, babe" "And whose chopper is this?" "It's Zed's" "Who's Zed?" "Zed's dead, babe... Zed's dead"), que inspirou um certo carinha chamado Guy Ritchie, que mandou bem nos seus Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch.

Pulp Fiction foi o filme que o consagrou. E merecidamente. A ação despudorada e sem censura andando de mãos dadas com o humor ácido e ignorante de Tarantino transformaram o filme num dos maiores clássicos da história. E revelaram uma outra faceta do diretor: seu esmero e meticulosidade na hora de montar suas trilhas sonoras. Na verdade, parece que ele se diverte mais fazendo essa parte que os próprios filmes. E são, de fato, verdadeiros espetáculos à parte. A trilha de Pulp Fiction é uma das mais bem-sacadas que Hollywood já ouviu, incluindo nela "as cinco melhores bandas obscuras de surf music da história". E apesar do ecletismo da seleção, em nenhum momento qualquer uma das músicas fica deslocada em relação ao filme. E essa é a arte da trilha sonora: surpreender. E Tarantino sempre consegue arrancar um sorriso da platéia ao apresentar cada música de suas trilhas nos filmes.

E sua capacidade foi mostrada novamente em Jackie Brown, Kill Bill, Grindhouse e, agora, em Inglourious Basterds. Engraçado ver um filme passado na Segunda Guerra com todas as suas músicas sido compostas apenas décadas mais tarde. E todas elas foram sugadas de outros filmes, mostrando quantas faces uma mesma música pode ter. As vinhetas que apresentam os personagens dão uma dinâmica HQnesca à coisa. E em nenhum outro filme você poderá ver um Hitler atuando sobre um fundo musical country. Pra mim, o grande destaque fica por conta de "Cat People (Putting Out The Fire)", de David Bowie, tocando inteira quando a heroína judia Shoshanna prepara seu cinema para pegar fogo, preparando seu figurino femme fatale, e enquanto os figurões da SS vão se acomodando em suas poltronas.

Trilhaça para um filmaço.

01. Nick Perito - The Green Leaves Of Summer
02. Ennio Morricone - The Veredict Dopo La Condanna
03. Charles Bernstein - White Lightning
04. Billy Preston - Slaughter
05. Ennio Morricone - The Surrender La Resa
06. The Film Studio Orchestra - One Silver Dollar Un Dollaro Bucato
07. Zarah Leander - Davon Geht Die Welt Nicht Unter
08. Samantha Shelton & Michael Andrew - the Man With The Big Sombrero
09. Lilian Harvey & Willy Fritsch - Ich Wollt Ich Waer Ein Huhn
10. Jacques Loussier-Main Theme from Dark of the Sun
11. David Bowie - Cat People (Putting Out The Fire)
12. Lalo Schifrin - Tiger Tank
13. Ennio Morricone - Un Amico
14. Ennio Morricone - Rabbia E Tarantella

Inglourious Basterds - Original Soundratck

1 comentários:

Maurício Penedo disse...

Kill Bill é um lixo.

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