The Walkmen - You & Me (2008)


Mais uma bandinha interessante que me apareceu essa semana, enquanto via um intervalo comercial da MTV. Vislumbrei, meio que sem querer, 15s de uma música do The Walkmen, que nem lembro mais qual é. Mas o folk suave e uma voz rasgada que muito me lembrou uma mistura de Perry Farrell (Porno For Pyros e Jane's Addiction) com Bob Dylan captaram a minha atenção. Corri no YouTube e catei um clipe qualquer deles, dando de cara com "In The New Year", que mostra cenas de uma película antiga misturadas a imagens do vocalista Hamilton Leithauser em ação. Pra mim, é a melhor música do disco, pelo seu belo riff do refrão e vocal primoroso, vigoroso de Leithauser.

Comparando com outras bandas que tenho ouvido ultimamente, o Walkmen não tem muito de novo a oferecer. Band Of Horses, I Am Kloot e outras que agora não lembro também soam intimistas e distantes em suas músicas. Mas isso não tira um pingo de competência dos caras, que mantém uma regular soturnidade ao longo de todo o disco. Como diferencial, os caras preferem usar instrumentos antigos para dar mais autenticidade à forma que eles pretendem soar. Mas o grande destaque, de fato, é Leithauser e sua voz qualquer-coisa-menos-apática. Mas também vale destacar como o som da banda parece sair de um inferninho num subsolo qualquer sem que nunca tivesse havido público algum para assisti-los. O vazio preenche todo os espaço que há entre os instrumentos.

Essecialmente, um disco depressivo, nas letras e composições. Esse é pra ouvir trancado no quarto na virada do ano, pros que acham que 2010 vai ser uma merda tão grande quanto os demais anos passados. Claro que a faixa da virada é exatamente "In The New Year".

01. Donde Está La Playa
02. Flamingo (For Colbert)
03. On The Water
04. In The New Year
05. Seven Years Of Holiday (For Stretch)
06. Postcards From Tiny Islands
07. Red Moon
08. Canadian Girls
09. Four Provinces
10. Long Time Ahead Of Us
11. The Blue Route
12. New Country
13. I Lost You
14. If Only It Were True

Saca lá nos comentários.

Warrel Dane - Praises To The War Machine (2008)

Warrel Dane já está beirando a casa dos 40 anos. E se lembrarmos que, desde 1981, as bandas Serpent's Knight, Sanctuary e o Nevermore (um dos gigantes do Heavy Metal), tiveram o cara no comando dos vocais, atestamos que a idade só tem dado mais poder e criatividade para o poderoso rapaz nascido em Seattle.



















A idéia de lançar um CD solo já é antiga por parte de Warrel Dane. Antes de “This Godless Endeavor” (2005), último disco do Nevermore, o cabeludo com voz melosa e fã de uma boa cerveja já tinha em mente um disco só dele, com algo mais “light” do que o praticado na banda principal. Assim como o novo disco do Nevermore está sendo produzido, não exigindo ainda muito do vocalista, Dane teve tempo suficiente para trabalhar na nova empreitada. Chamou uns amigos e colocou a cabeça e as mãos para trabalhar.

Fabuloso letrista, Warrel Dane conseguiu, novamente, fazer poesia, brincar com as palavras e ao mesmo tempo colocá-las em um arranjo bem Heavy Metal. As músicas são bem mais leves em consideração ao trabalho no Nevermore, mas não deixam de ser atrativos para os fãs de longa data. Até mesmo devido à maior virtude de Warrel Dane, que é a impostação e a emoção com que ele canta. Dá para imaginar o cara na maior gritaria ao microfone, segurando o pedestal com as duas mãos, como se fosse a última coisa que ele pudesse fazer na vida.

When We Pray”, música de abertura, já passa bem qual a mensagem que o vocalista quer mostrar neste primeiro cd solo. Refrão pegajoso, pegada tradicional do Heavy Metal e uma canção que gira em torno da letra e da forte interpretação do autor. Tudo meticulosamente dosado para que o ouvinte tenha a certeza que não está ouvindo mais um disco do Nevermore, mesmo que em marcha mais lenta.

Warrel Dane teve a brilhante idéia de chamar os guitarristas Jeff Loomis e James Murphy para incrementar algumas músicas. Jeff fica com o solo de “Messenger”, segunda música do disco, e dá para perceber que esta parte realmente lhe caiu bem. Já James Murphy, produtor que fez uma ponta em “This Godless Endeavor” fica com o solo de “The Day The Rats Went To War”, oitava faixa do disco, possuidora de um refrão bastante simples, mas muito bonito.

O disco trás grandes surpresas, como o cover de “Lucretia My Reflection”, música da banda britânica Sisters of Mercy, que se encaixou muito bem no contexto do álbum, sombrio, mas ao mesmo tempo gostoso de ouvir. A balada “Your Chosen Misery”, dá uma desandada, principalmente pelo ar melancólico. Na parte final do CD, vem outro cover: “Pattherns” do músico norte-americano Paul Simon, que também surpreende pela adaptação.

Oficialmente, a banda é formada por Warrel nos vocais, Matt Wicklund na guitarra, Dirk Verbeuren na bateria e Peter Wichers na guitarra. Os dois últimos são ex-integrantes da banda sueca Soilwork, sendo que ao último coube a mixagem e produção do disco e a gravação do baixo. São músicos competentes e com uma tarefa difícil: agradar Warrel Dane, que vinha desde anos pensando nesta produção que leva o nome de um dos mais brilhantes vocalistas de Heavy Metal da atualidade.

Dê uma olhada.

Septic Flesh - Communion (2008)

Nunca ficou realmente claro o motivo de uma das mais criativas bandas do underground grego ter encerrado suas atividades em meados de 2003, depois de uma trajetória de 13 longos anos em prol da música extrema. O Septic Flesh havia liberado nesse momento um ótimo registro chamado "Sumerian Daemons" e logo depois, simplesmente anunciou seu fim.


Mas eis que, felizmente, em 2007, a carne se renova... Spiros 'Seth' (voz e baixo), Christos Antoniou (guitarra) e Sotiris Vayenas (guitarra) decidiram voltar ao cenário com planos grandiosos para seu novo registro. E "Communion" é o fruto que marca o retorno do Septic Flesh com todas as honras possíveis, mostrando que a ambição sempre exibida em seus discos continua em alta.

E põe em alta! Para esta gravação foram utilizados os serviços de uma orquestra composta por 80 músicos e 32 cantores, orientada por ninguém menos do que o próprio guitarrista Christos Antoniou. Assim sendo, muito da estética de seu último álbum agora está envolvida por toda uma dinâmica até então inédita mesclada à peculiaridade de seu rico Death/Black Metal.

As músicas são simultaneamente intrincadas e pegajosas, tendo em “Lovecraft's Death” uma perfeita abertura. Vale mencionar ainda a própria “Communion” e “We The Gods”, duas faixas onde tudo é muito denso e distorcido, além de ocasiões ainda mais épicas como “Sangreal”, “Narcissus” e “Anubis”, esta última sendo a melhor música disparada do CD, e uma das melhores de todo o ano de 2008, com ótimo trabalho de vozes.

Durante a audição se observa a brutalidade do Heavy Metal extremo, a atmosfera bombástica da música clássica e ainda a aplicação de contrastantes melodias leves e muito bonitas. Extravagâncias à parte, “Communion” mostra que o versátil Septic Flesh ainda tem muito a oferecer ao público, sendo um disco altamente recomendável a quem aprecia bandas como Behemoth, Dimmu Borgir ou o clima meio ‘hollywoodiano’ que o Therion tem elaborado em seus trabalhos mais recentes.

Excelente!

Neon Indian - Psychic Chasms (2009)


Quando eu nasci, nos anos 80, nunca pensei que ouviria tanta merda na música. Muito do meu repertório auditivo deve-se ao meu irmão, que tirou vantagem de tão bregas anos. Mas, por mais horripilante que a época tenha sido, ela tem um diferencial em relação às demais décadas que vivenciei: o fator nostalgia. Vamos lembrar de Depeche Mode, Erasure, Duran Duran, Eurythmics e outras bandas que atravessaram o período com seu synth pop. Mas também vale guardar um espaço para as one hit wonders, tão presentes naquele tempo como hoje. Aquelas bandas que você conhece uma música, mas sempre tem uma certa dificuldade para dizer quem toca. Daí, mais do que a ausente qualidade que elas evocam, elas nos fazem lembrar da infância, de todas as coisas do meu tempo, desde telefone de disco e fitas K-7 até seriados japoneses e confeito Xaxá.

Eu não lembro do contexto em que as músicas dos anos 80 estavam inseridos. Mas eu lembro de que elas passaram por meus ouvidos enquanto eu brincava na rua ou fazia tarefa de casa. E eu nunca parei para analisar nenhuma delas, elas simplesmente invadiram meus miolos e lá ficaram. Passado o grunge dos anos 90 e todo meu preconceito musical extenso, comecei a nutrir meu coração mole de mãe e deixei de filtrar tanto as músicas que aconteciam. Então, passei a buscar praticamente tudo o que eu lembrava dos anos 80, e não foi pouca coisa. Ficou tudo espalhado em várias pastas, CD's e DVD's. E é engraçado como praticamente não baixei nenhum disco inteiro da época, apenas os hits, pois era o máximo que aquelas bandas conseguiam emplacar.

E eis que, no meu garimpo, baixei esse disco e nem lembrei disso, até ontem. Não fazia a menor ideia do que se tratava e resolvi ouvir. Eu fui no passado e voltei, e com uma autenticidade assustadora. O Neon Indian não é um projeto com influências dos anos 80. Ele É um disco dos anos 80, com direito à toda parafernália eletrônica analógica, cores berrantes e sintetizadores boiando por todas as faixas. O toque genial da coisa é a sonoridade desse disco, totalmente rádio AM ou toca-fitas Phillips ou outra coisa parecida.

Eu não sei se as possibilidades musicais realmente já se esgotaram, mas o revival proposto pela banda é extremamente positivo pelo fato de conseguirem reproduzir aquelas músicas tão bem. Várias bandas se embebedam de anos 60 e 70 até hoje. Até de anos 80 também, mas eu nunca vi alguém que embarcasse num Delorean e trouxesse de volta um disco tão característico. Sem dúvida, uma das coisas mais agradáveis que podiam ter feito neste fim de anos 2000.

01. (AM)
02. Deadbeat Summer
03. Laughing Gas
04. Terminally Chill
05. (If I Knew, I'd Tell You)
06. 6669 (I Don't Know If You Know)
07. Should Have Taken Acid With You
08. Mind, Drips
09. Psychic Chasms
10. Local Joke
11. Ephemeral Artery
12. 7000 (Reprise)

Top 20 - #17 - Tuatha de Danann - Trova de Danú (2004)

O Tuatha de Danann já é reconhecido como um dos grupos mais criativos e talentosos do cenário nacional. Trova de Danú não é apenas o melhor disco da banda até agora, mas é a maior prova de que com um pouquinho de dedicação é possível vencer as limitações impostas a quem faz música de forma independente e não se dispõe a fazer concessões em nome do sucesso.

O Tuatha mudou de gravadora, mas a sonoridade continua intacta e mágica como na época das demos, com apenas um diferencial: a natural evolução técnica dos músicos e a ampliação do uso de instrumentos exóticos para conduzir o ouvinte numa viagem pelo folclore celta. Tudo isso feito com muito amor pelo Heavy Metal e muita dedicação por parte dos músicos.












É muito difícil não gostar desse disco logo de início. A música conquista de imediato, mesmo aqueles que não são entusiastas do Folk Metal. Aliás, nem só de Folk Metal é feita a música do Tuatha. Nesse trabalho, as influências do Doom Metal praticamente desapareceram, mas a pegada Jethro Tull que a banda sempre teve está ainda mais forte.

“Bella Natura”, a faixa que abre o disco é veloz e pesada, mas com uma atmosfera “pra cima” que contagia até o mais mal humorado dos headbangers. “Lover of the Queen” tem uma pegada mais épica, portanto, mais característica dos trabalhos anteriores da banda. A interpretação de Bruno Maia é magistral nessa faixa. “Land of Youth” é a faixa mais Skyclad da carreira do Tuatha. Violões em profusão e aquela batida rapidinha, mas bem reta (ouve-se até um banjo nessa música. Muito legal mesmo). A própria deusa Danú aparece para cantar em “De Dannan’s Voice” e o resultado é, no mínimo, indescritível. “The Land’s Revenge” é uma das minhas favoritas pelo fato de ser despretensiosa e lindíssima ao mesmo tempo.

As flautas de Bruno estão em destaque aqui e toda a banda fez um excelente trabalho numa faixa melódica e muito pesada, talvez até lembre um pouco a nova fase do Angra, mas nada muito explícito. O disco segue com faixas maravilhosas como “Spellboundance”, “Believe: It’s True” e a impressionante faixa-título, dentre outras.

Difícil encontrar defeitos num disco que transborda honestidade e feeling. O meu maior medo era que o Tuatha começasse a aliviar o “delírio” contido nos trabalhos anteriores em nome de uma maior facilidade de penetração na grande mídia (sem trocadilhos infames, por favor). Mas, para a sorte de nós, fãs do trabalho único dessa banda, isso não aconteceu. Ao contrário, como eles prometeram no disco anterior, o delírio está apenas começando.


Here!

Omar Rodriguez-Lopez - Solar Gambling (2009)


O porto-riquenho é o líder do Mars Volta, excelente guitarrista canhoto e hiperativo. Além de gravar com a banda, encontra espaço e acordes para gravar uns 3 discos solo por ano. O mais recente é esse Solar Gambling, onde ele mantém a pegada assimétrica e tende ao experimental. Com mais liberdade para trabalhar do que tem no Mars Volta (como se precisasse), ele adiciona vocais em espanhol e melodias totalmente dissonantes. Mas tudo soando ainda muito familiar, desde as distorções usadas aos vocais de Ximena Sarinana, namorada do moço, que em alguns momentos lembram o timbre do parceiro velho de guerra, Cedric Bixler-Zavala.

Mas apesar das semelhanças, seu trabalho solo parece mais guitar-focused, semelhante ao do seu amigo John Frusciante. Ele parece querer explorar mais as nuances do instrumento que por tanto tempo detestou. Por isso abusa dos pedais, os quais ele começou a ver como aliados em sua guerra contra a guitarra, pois seu objetivo era fazer com que o instrumento soasse como qualquer coisa diferente dessa coisa que ele odeia: a própria guitarra.

Comparado com seus trabalho anteriores, esse é bem mais acessível, algo como o disco de baladas do Omar. Mas o que importa é que o cara é realmente foda, para conseguir compor tanto para tantos, considerando que ele produz qualquer coisa muito além dos três-acordes usuais das bandas atuais.

01. Locomocion Capilar
02. Las Flores Com Limón
03. Colmillo Castrado
04. Un Buitre Amado Me Pico
05. Poincaré
06. Los Tentáculos De La Libélula
07. Miel Del Ojo
08. Lorentz
09. Vasco Da Gama

Darkwood - Ins Dunkle Land (2009)

Tá estressado? Nervoso? Quer relaxar sem ter que recorrer à remédios "sérios" ou a maracujinas da vida? Aqui vai um conselho: Já ouviu falar em NeoFolk? Não? Pobre animal. Mas Mau Mau vai lhe salvar, viu filhinho?

Não lembro se já explanei o conceito de NeoFolk aqui. Por via das dúvidas, lá vai. É da wikipédia, mas fui eu quem o colocou lá: Neofolk é um dos desdobramentos do Folk Music, que surgiu primeiramente na Europa, com influencias de músicas de cunho Industrial. O Neofolk pode ser tido como uma música folclória acústica ou uma mistura de instrumentos acústicos do meio folk, acompanhada por uma variedade de sons como pianos, harpas, violão clássico e elementos da música industrial e experimental.

As bandas que são consideradas os carros-chefe do estilo são, ao meu ver, Of The Wand & The Moon, que vai aparecer aqui uma hora dessas, Sol Invictus, Darkwood Current 93 e Death In June, todos com as características expostas acima.

Este novo trabalho da banda em questão é descrito pelo mentor da banda, Henrik Vogel, como uma tormenta em terras obscuras. Um projeto que surgiu da idéia de expressar o amor que sentimos pela pátria onde nascemos [Alemanha], e sobre como nos identificamos com ela. A música é uma fusão de temas tradicionais e paisagens sonoras. Instrumentos acústicos bem utilizados, bem como os ruídos sintéticos e vocais em inglês e alemão.

O grande diferencial do Darkwood é produzir um disco de NeoFolk sem soar chato depois da terceira faixa. A faixa 02, Caucasian Tales, é a mais bela do CD, falando da chegada da primavera, e da vida brota na mundo, em contraste com a morte dos humanos, que não tem os quatro ciclos da natureza. Tudo isso regado a violões, um distante sintetizador, e o vocal de Vogel.

Não se engane: Não é música de Jack Johnson, que é cute-cute e faz as pessoas realizarem luais na praia, só pra ouvir "Upside Down". É um material do mais refinado bom gosto, prazeroso de se ouvir, de preferência tomando algo que preste.

Mais uma obra prima de músicos alemães, que desde o aperfeiçoamento do conceito de ciência (tanto as duras, quanto as sociais), mostram-se muito à frente de outros, no quesito "abstração."

Viaja!

Between The Buried And Me - The Great Misdirect (2009)

O Between The Buried And Me é uma banda americana do chamado math rock, que tem influenciado muitas bandas atualmente. Pra mim, é mais uma vertente indie do metal. Todas as assinaturas estão lá, os riffs complicados e fluídos das guitarras, e estruturas de composição que muito se assemelham a fórmulas matemáticas. De fato, os caras que investem no estilo procuram mesmo fórmulas em que possam basear suas composições, como fez o Tool ao explorar exaustivamente a sequência de Fibonacci, onde um número é conseguido através da soma do atual com o anterior (1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55...), no Lateralus. O Between soa muito parecido com o Children Of Nova, que entrará aqui em breve, com a diferença de contar com vocais mais rasgados, death (ou qualquer outro metal que o valha. Esse não é meu departamento), e aí eles ficam mais semelhantes, talvez, a um Meshuggah.

O álbum tem 6 faixas, sendo uma com 9 minutos e outras 3 passando dos 10 minutos. Engraçado como os caras conseguem ir de um ritmo mais melancólico, próximo ao Tool, ao peso extremo-dois-pedais de um minuto a outro ("Disease, Injury, Madness" é um bom exemplo). Musicalmente, são muito ricos e parecem manjar do riscado. Talvez apenas o vocal gritado seja desnecessário em algumas passagens. Mas é lindo ver a batida quebrar tantas vezes dentro de um mesmo riff, provocando um choque rítmico. Bom disco pra esse fim de semana.

Só uma curiosidade: o nome da banda foi inspirado, inesperadamente, num verso da (bela) música "Ghost Train", do excelente Counting Crows (lembra da música do Mr. Jones? Pois é).

Took the cannonball down to the ocean
Across the desert from the sea to shining sea
I rode a ladder that climbed across the nation
Fifty million feet of earth between the buried and me

01. Mirrors
02. Obfuscation
03. Disease, Injury, Madness
04. Fossil Genera - A Feed From Cloud Mountain
05. Desert Of Song
06. Swim To The Moon

Opeth - Ghost Reveries (2005)




















O que esperar de uma banda como o Opeth depois de tudo o que eles já fizeram? Boa pergunta não é mesmo? Digo ainda mais um detalhe, o que esperar do Opeth com mais um integrante efetivo na banda? Per Wiberg (teclados), o mesmo que gravou o Damnation e saiu em turnê com a banda pelo álbum como músico convidado teve seu trabalho tão apreciado por Akerfeldt que agora ele é membro oficial da banda. Sim agora a banda possui 5 músicos!

Imaginem um Blackwater Park (melhor disco da banda) com teclados, um pouco mais progressivo e com passagens acústicas mais presentes ainda, mas mesmo assim mantendo o peso do Death Metal. Imaginem um álbum totalmente coeso com uma maturidade ainda maior, esbanjando criatividade, feeling, peso, técnica, melancolia. Sim, essa é a cara do Ghost Reveries.

O álbum já começa com um banquete a la Opeth: Ghost Of Perdition tem o peso característico, vocais guturais, passagens acústicas muito bem trabalhadas com arranjos de teclado.

Em seguida temos The Baying of The Hounds, outra música bem no estilo da cozinha da banda, nota-se nessa música solos muito bem feitos, passagens acústicas lindas, riffs bem elaborados nas partes de peso, acompanhamento do teclado coeso e bem encaixado.

Beneath The Mire já começa a mudar a cara do álbum, cada vez mais se nota a diminuição das vozes guturais e as passagens acústicas são mais presentes do que as partes de peso. O final dela é lindo, bem progressivo, com sons sintetizados diferentes, coisas jamais vistas no Opeth, até então.

Agora chegamos no que eu chamo de progressividade: Atonement nos remete ao Damnation, mas a riqueza dessa música está além do que eu jamais vi no Opeth, tem tanto detalhe, tantas frases lindas que provavelmente se esta música estivesse no Damnation seria considerada o diferencial do álbum. Sim essa música é uma balada com tudo o que se tem direito, talvez a mais bela melodia calma do Opeth já escutada por mim até hoje.

Reverie/The Harlequin Forest, forte candidata a melhor música da banda, com certeza a melhor do álbum. Essa música tem um ar diferente das músicas pesadas do Opeth. Ela tem um peso forte, misturado com uma melodia sem igual, mas a voz nessa música é mais marcada pela voz normal do Mikael, e não a gutural apesar de aparecer em certas partes também. Mas partes acústicas também são notadas e a melodia dela é impressionante, partes progressivas de maneira jamais criadas pelo Opeth são notadas nessa música também, partes que remetem ao Damnation de certa forma também pelo uso do teclado.

Hours of Wealth é linda, dedilhados característicos da banda, mais uma balada fortemente influenciada pelo Damnation e também de baladas anteriores da banda, o teclado de Per caiu como uma luva, e o resto da banda também como sempre.

The Grand Conjuration é um Doom/Death Metal de primeira categoria, o teclado na parte de peso deixou a música bem sombria, ótima performance da banda, música sinistra, belíssima, bem na cozinha Opeth, peso, quebradas, passagens acústicas, vocais guturais, vocais normais, e agora temos que nos acostumar, teclado fazendo bases assombrosas.

Isolation Years é mais uma balada belíssima com ótimos arranjos, ótima composição para fechar o álbum com chave de ouro provando mais uma vez que o Death Metal tem seus representantes de muita sensibilidade e criatividade e que o Opeth é uma das melhores bandas dos últimos tempos.

Esse álbum é simplesmente genial, e mostra a banda no auge da sua maturidade, e do processo criativo de Akerfeldt.

Obrigatório!

The Beta Band - The Three EP's (1998)


Como chamar uma banda que toca um folk-rock-eletrônico fincado nos alicerces do experimental? The Beta Band, claro. Nome mais perfeito, rapaz. Soa como uns donzelos em busca da batida perfeita (Marcelo D2 procura a pobre até hoje. Não, ainda não encontrou), ainda que pra isso naveguem por mares bizarros. A banda beta dá enorme preferência ao instrumental, esquecendo quase sempre de colocar vocais. Mas não é porque são ruins, não. É viagem da cabeça deles. Eles conseguem passar de experiências batiqueiras como em "I Know" e "B+A" para o hippie folk tranquilão de "Dog's Got A Bone" com a naturalidade de uma troca de canais num controle remoto. Delícia de música.

Só contextualizando, esse The Three EP's, como o nome diz, é uma compilação de 3 EP's lançados pela banda nos anos 90. Os caras conseguiram um certo sucesso no Reino Unido, mas era praticamente anônimos nos Estados Unidos. Bom, fodam-se eles e a mania de só olhar pro próprio umbigo. A banda se desmaterializou em 2005, com cada membro da banda tomando rumos diferentes. Eles ainda lançaram 3 álbuns antes da dissolvição.

Mas o importante é que deixaram um legado acima da média da música produzida na época e atualmente. É dessas bandas folclóricas que somem sem motivo aparente e ficam apenas no imaginário dos poucos que tiveram o privilégio de acompanhá-la e daqueles que seguiram o boca-a-boca.

Um bom exemplo da musicalidade excepcional da banda é "Dry The Rain", pra mim, uma das melhores músicas pop da história (consta no filme Alta Fidelidade). Começa lenta, batidinha e violão e toma ares de fanfarra ao ser invadida por um fenomenal naipe de metais do meio pro fim.

Em breve, mais dos caras.

01. Dry The Rain
02. I Know
03. B+A
04. Dog's Got A Bone
05. Inner Met Me
06. The House Song
07. Monolith
08. She's The One
09. Push It Out
10. It's Over
11. Dr. Baker
12. Needles In My Eyes

Katatonia - The Great Cold Distance (2006)

Não é muito necessário tecer qualquer tipo de comentário introdutório a respeito do Katatonia. Alcunhas como "Reis do Doom" ou "Doom Masters" são alguns dos chamamentos que a banda recebe.

O "Great Cold Distance" foi o 7º trabalho de estúdio dos suecos, e mostrou uma banda mais leve, sem o peso arrastado do clássico absoluto, e até hoje melhor disco da banda, "Dance of December Souls". Mas isso em nada retirou a qualidade do som, e sim a eterna busca das bandas prolíficas em aperfeiçoar ou evoluir dentro do seu trabalho.

Aqui os vocais límpidos de Jonas Renkse são usados em sua totalidade. O disco não possui nenhuma passagem de vocal gutural, nem nada parecido com isso. O que dá pra notar é que todo o peso foi propositalmente transpassado para as guitarras, com afinação baixa, dando total prioridade aos graves, fazendo o trabalho soar pesado, arrastado, mas sem se tornar repetitivo.

Os destaques dentro do CD são muitos (diria 95% das músicas), mas as melhores são My Twin, que tem um clipe pertubador, com Jonas cantando numa afinação baixa, e ao mesmo tempo, forte, assombroso. Outra é July, onde se dá preferência ao jogo de guitarras, produzindo um hit, se é que pode se chamar assim. Por fim, Deliberation, que tem o melhor refrão de todo o disco.

Pra mim, o segundo melhor trabalho do Katatonia, atrás apenas de um disco sobrenatural, que nem deveria contar.

Tracklist:
1. Leaders 04:21
2. Deliberation 04:00
3. Soil's Song 04:12
4. My Twin 03:41
5. Consternation 03:51
6. Follower 04:46
7. Rusted 04:21
8. Increase 04:20
9. July 04:45
10. In The White 04:54
11. The Itch 04:20
12. Journey Through Pressure 04:21

Download.

MGMT - Oracular Spetacular (2007)


Diante de um certo marasmo que atingiu a música nesse início de década-século-milênio, parece que qualquer um que tenta algo apenas um pouco diferente do que o resto anda fazendo, merece destaque, atenção e babação da mídia. Os atuais queridinhos da imprensa tem sido a dupla americana Ben Goldwasser e Andrew VanWyngarden, que formam o MGMT. Com um pé descalço no flower power dos anos 70 e o outro chacoalhando no synth pop dos anos 80, eles conseguiram o grande mérito de fazer música pop acessível e - o mais importante - de qualidade. Pode ser que seja eletrônico, algumas vezes rock, tanto faz. O que importa é que eles divertem, entretem e causam uma boa impressão, no final de tudo.

E foram tão competentes que conseguiram figurar simultaneamente em pistas de dança e festivais indie. Em 2008, esse Oracular Spetacular foi eleito o melhor álbum do ano pela renomada NME. Essa semana, foram nomeados para o Grammy 2010 como Melhor Performance Pop Por Uma Dupla Ou Grupo Com Vocais (criaram essa categoria pra eles?) com a música "Kids". Já os tinha citado aqui, no "Embryonic" do Flaming Lips, onde eles participam em uma faixa. Paul McCartney já é fã dos caras. E não que isso seja importante, mas eu também.

A verdade é que eles criaram um disco dançante, com algumas pérolas pop, viajando entre diversos estilos, instrumentos, batidas. Ouvindo, verás que toda a babação tem sentido.

01. Time To Pretend
02. Weekend Wars
03. The Youth
04. Electric Feel
05. Kids
06. 4th Dimensional Transition
07. Pieces Of What
08. Of Moons And Birds And Monsters
09. The Handshake
10. Future Reflections

Top 30 | #26 | David Bowie - Let's Dance (1983)


Quase sempre a crítica associa o nome David Bowie ao chamaeleonidae, vulgo camaleão, e esquecem quase que completamente da competência do sujeito pra fazer música. Mas isso é normal. Afinal, chamar Bowie pelo seu alter-ego réptil demonstra conhecimento de causa. Não trata-lo assim certamente vai fazer a reputação do sujeito cair. "O cara escreveu um texto inteiro sobre David Bowie e não o chamou de camaleão! Que heresia!" Que merda, eu diria. Tantos e tantos artistas por aí tiveram mudanças tão ou mais significativas que o inglês e ninguém falou nada. Aliás, tantas mudanças no estilo ao longo da carreira não me parece nada absurdo, tendo em vista a sua longa, longa carreira.

Let's Dance é um dos melhores que Bowie já gravou, apesar da discordância de alguns energúmenos da imprensa que gostam de pegar no pé do (já não tão) pobre homem. Os anos 80 foram mais divertidos do que ricos musicalmente, e isso é fato, mas não impediu de gerar essa coleção de hits, comprovado pelo excelente desempenho do álbum nas paradas (#4 nos indiferentes EUA e #1 no Reino Unido, Austrália e Noruega), além de emplacar a faixa-título em 1º lugar no mundo todo.

Aqui, Bowie mostrou como é fácil criar um sucesso, desde a simplicidade demasiadamente pop de "Modern Love" até melodias mais intrincadas como a quase militar "Ricochet". Com Iggy Pop dando uma palhinha, conseguiu tornar célebre a música "China Girl" mundo afora.

Do time que o cara convocou para tocar no disco, o grande destaque é, sem dúvidas, a participação de guitarrista Steve Ray Vaughan, que deu um toque blueseiro às músicas. A baladinha "Without You" é um bom exemplo disso. "Ricochet" ganha como a música mais densa do disco, enquanto "Let's Dance" e "Cat People (Putting Out The Fire)" são as anima-festas.

Disco bom pra se ouvir quase o tempo todo. Não envelhece e não enjoa.

01. Modern Love
02. China Girl
03. Let's Dance
04. Without You
05. Ricochet
06. Criminal World
07. Cat People (Putting Out The Fire)
08. Shake It
09. Under Pressure *

* Sim, sim. Essa é a versão que vem com "Under Pressure", gravada com o Queen, de bônus.

Let's dance?
Senha: bluavlk01
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