Pearl Jam - No Code (1996)


Talvez o mais obscuro dos álbuns da banda. Se o Vitalogy, de 94, marca o fim de uma era, esse No Code - que veio em seguida - é o começo da nova. Passado todo o frisson de ser uma das bandas que encabeçavam o movimento grunge, o Pearl Jam soa mais tranquilo, não sei se por respeito ao decretado fim do movimento (com a morte de Kurt, o fim do Soundgarden e os problemas de Layne Staley, do Alice In Chains) ou por maturidade mesmo. O 4º álbum de estúdio da banda de Seattle é pouco comercial, a começar pela capa, um mosaico de 144 polaroids que se desdobram e mostram uma foto de estúdio em preto e branco e abriga outras 9 polaroids em tamanho natural com letras de algumas músicas no verso, além, claro, do cd.

Esse foi o primeiro disco da banda que comprei, após ler a crítica de Álvaro Pereira Jr. na Folha de São Paulo pouco após o seu lançamento. Já conhecia a banda de algumas músicas, como "Black" ou "Alive" do Ten, mas só passei a caçá-la realmente após ouvir "I Got Id", que só saiu num compacto chamando Merkinball, que vinha grátis junto com o Mirror Ball de Neil Young.

Aqui, a voz de Eddie Vedder começa a apresentar sinais de desgaste, depois de seu uso exagerado nos primeiros anos da banda. Mas é uma rouquidão que cai bem no No Code, como já pode ser percebido na primeira faixa, a distante, suave e soturna "Sometimes".

Large fingers pushing paint
You're God and you got big hands
The colours blend
The challenges you give, man

Girando 180º vem "Hail, Hail", uma profunda e fantástica DR, com fundo agressivo que torna-se melódico do meio pro fim.

If you're the only one, will I never be enough?
Hail, hail the lucky ones, I refer to those in love

Sometimes realize, I could only be as good as you'll let me
Are you woman enough to be my man?
Bandaged hand in hand

"Who You Are" tem uma levada percurssiva, com uma linha de baixo dissonante e vocais quase gospel. A música seguinte acontece de ser a minha preferida da banda, "In My Tree". Álvaro Pereira Jr. acertou em cheio na sua descrição, ao dizer que ela soa como se Vedder estivesse cantando da beira de um precipício. O baixo constante e entediante do início, acompanhando dos tons de Jack Irons, passam por uma bridge onde a guitarra dá leves toques com muito delay, para desafogar num refrão vigoroso. Vedder canta com muita franqueza uma letra extremamente pessoal.

I'm so light the wind me shakes
I'm so high the sky I scrape
Yea, I'm so high I hold just one breath
To go back to my nest, to sleep with innocence

"Smile" é um blues que tenta ser feliz e traz você de volta ao mundo. "Off He Goes" é uma bela balada acústica com uma letra-história no melhor estilo Vedder.

And I wonder bout his insides
Its like his thoughts are too big for his size
He's been taken, where I don't know
Off he goes with his perfectly unkept hope
There he goes

"Habit" é a mais pesada do disco, com McCready e Gossard querendo arrancar as cordas da guitarra e o vocal de Vedder rasgado. Assim como "Hail, Hail", ela tem quê de anos 70. "Red Mosquito" é outro blues, onde a voz dele parece querer voltar. "Lukin" é praticamente uma vinheta de um minuto que conta uma pequena saga urbana. Pesada. "Present Tense" seria, talvez, a música mais comercial daqui. Uma bela balada semi-acústica onde os vocais novamente se destacam, além da letra.

You can spend your time alone
Redigesting past regrets
Or you can come to terms and realize
You're the only one who cannot forgive yourself
Make much more sense
To live in the present tense

"Mankind" é um punk-rock-3-acordes cantado por Gossard, sem muitas firulas. A faixa que se segue "I'm Open" é praticamente um mantra Enya-style que pode figurar entra as músicas mais estranhas da banda. Fechando o álbum, "Around The Bend", baladinha suave que sincronizaria bem com o vai-e-vem das ondas do mar, naquele clima de fim de tarde. Bom disco, um dos melhores dessa ex-banda e ex-banda preferida.

01. Sometimes
02. Hail, Hail
03. Who You Are
04. In My Tree
05. Smile
06. Off He Goes
07. Habit
08. Red Mosquito
09. Lukin
10. Present Tense
11. Mankind
12. I'm Open
13. Around the Bend

Pearl Jam - No Code

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